Posso
Maria
Antônia
Canavezi
Scarpa
(Tili@
Cheirosa)
Posso
burilar
a ira
pacificar
o furor
aprisionar
as
mágoas
esquecer
as
vergonhas
Posso
perseguir
o ódio
recuperar
a estima
engolir
o vento
deter a
vingança
Posso
abandonar
o
assédio
iludir
as
sombras
guardar
as
lembranças
alegrar
as
tristezas
Posso
amargar
as águas
purificar
o
inferno
apagar a
escuridão
sorver o
perfume
Posso
disciplinar
o
selvagem
organizar
as leis
aquecer
o
inverno
fertilizar
o areal
Posso
pintar o
negro
domesticar
o falcão
plantar
e colher
carinho
da
farinha
fazer o
pão
Posso
explicar
o fato
o andar
a
estática
esnobar
o pavão
peregrinar
nos
espinhos
Posso...
posso
tudo
exterminar
a fome
delinear
as retas
só não
posso...
matar
essa
paixão

Eu
poesia...
Maria
Antônia
Canavezi
Scarpa
(Tili@
Cheirosa)
Nasci...
na
indolência
da minha
preguiça
talvez
um
vértice
muito
jovem
para os
versos
fiz no
tempo
das
letras o
meu
brinquedo
a boneca
que
nunca
ganhei,
pelo ode
me
apaixonei
As
folhas,
as
canetas
eram
fáceis
e as
idéias
vertiginosas
surgiam
tumultuavam
sem
parar
meus
pensamentos
sendo
assim
pela
poesia
me
apaixonei
Brincando
todos os
dias
com
frases,
palavras
truncadas
idéias
que
vinham e
em minha
cabeça
fervilhavam
pouca,
mas
muito
pouca
idade eu
tinha
para
querer
ser
mestre
nas
rimas
mesmo
assim
nas
difíceis
palavras
naveguei
não sei
de onde
originavam
mas se
firmavam
solenes,
férteis
nos
versos
que fui
ao longo
do tempo
compondo
sem
mesmo
entender
dava uma
história
um
paradoxo,
uma
razão a
vida
Eu
poesia,
poesia
minha
brincando
ninei-a
com
carinho
e da
vertente
cada dia
mais
espessa
a água
jorrava,
branca e
cristalina
gostei
do seu
sabor e
a sorvi,
protegendo-a
em
cadernos,
brochuras,
folhas
esparsas
foram se
avolumando,
tomando
corpo
as
idéias
se
multiplicando
cada vez
mais
como um
colar de
pérolas
se
desfiando
foram
caindo
ao léu
como
flores
perenes
e
cheirosas
Minhas
todas
elas,
filhas,
crias,
todas
minhas
transformaram-me
numa
onça
ferina
se uma
linha
for
subtraída
arrancadas
da minha
autoria
porque
cabe
somente
a mim as
histórias
contadas,
inventadas,
vividas
vieram,
germinaram
de
dentro
de mim
em
qualquer
tempo,
hora ou
dia
cada
sonho,
cada
virgula
emprestada,
pontuada
nasceram
PARA DAR
SENTIDO
a minha
existência
HOJE sou
eu
poesia

Ainda
que seja
ilusão...
Maria
Antônia
Canavezi
Scarpa
(Tíli@
Cheirosa)
Não
posso
ter medo
de te
amar,
preciso
deixar,
que esse
sentimento
aflore,
venha à
tona
ácido,
denso,
queimando
minhas
entranhas,
rasgando
meus
veios,
fortemente
protegidos...
quero me
machucar
e
sangrar,
somente
assim
saberei
viver
com
intensidade
Essa
paixão
se
instalou
rápida e
forte,
acho que
esperei
por essa
reação,
uma vida
inteira,
e agora
que a
tenho,
não
importa
o quanto
ela
possa me
ferir,
preciso
verter
esse
encanto
e não
tenho
mais,
como
retroceder
e achar
a saída,
só não
quero
regressar;
essas
emoções
tem
fortalecido
meus
dias...
revigorado
o meu
ego tão
doído.
Se deixo
que meus
olhos
não
durmam,
é porque
não
posso
apagar,
as
imagens
que
ficam na
minha
retina
todas
elas,
recheadas
de
você...
o
coração
queima
de
saudades,
não há
mais,
como
secar as
lágrimas,
se tudo
que
quero e
preciso
é do seu
calor no
meu
amanhecer
De tudo,
apenas
imploro
que
responda,
seguindo
os
instintos,
ao
desejo
que nos
prende,
já que
ele se
instalou
no nosso
corpo,
porque
deixamos
abertas,
todas as
portas
não
importando
para o
sereno
que vem
do nada,
umedecendo
a nossa
história
encantada;
onde a
fantasia
está na
magia,
de
sermos
você e
eu os
personagens
reais,
ao
fazermos
amor...

Faz
muito
frio em
minha
alma...
Maria
Antônia
Canavezi
Scarpa
(Tili@
Cheirosa)
O vento
veio
ruidoso
essa
manhã
esbravejando
beijou
meus
lábios e
me
convidou
para
arrasar,
destruir,
derrubar
o que eu
pudesse
com ele
fazer
arisco e
vaidoso
não
permitiu
que eu
negasse
foi me
instigando
a
prosseguir
na sua
louca
e
vertiginosa
devastação
Não me
deu
tempo de
explicar
que só
de estar
mofado o
ar, já é
um
motivo
para
tingir
de cinza
o meu
ânimo de
acordar
mas de
nada
adianta
esbravejar
ele me
arrasta
veloz
para
sibilar
lá fora
amedrontar
até a
brisa
que
respeitosa
tenta me
saldar
Ando tão
cheia de
perdas
assuntos,
amores,
idéias
mal
resolvidas
talvez
por essa
razão
quero
resistir,
pois há
uma
urgência
em
renovar
existe
um medo
dentro
de mim
que tudo
ao ser
revolvido
revele
ainda
mais
dissabores
Faz
muito
frio em
minha
alma
descobertas
as
minhas
entranhas
choram
por
estarem
sem
forças
deixam
que o
vento
afoito
as
carreguem
desnudem-nas
em seus
vértices
até
atingirem
os
abismos
que não
oferecem
o
caminho
de volta
Estou
brincando
de
vencer
barreiras
e uma
geleira
vai
tomando
corpo
ao redor
da minha
vida
deixando-me
indefesa,
gélida
impregnada
desse
vento
frio e
cruel
totalmente
devasso
invadindo
tudo
que
possa se
aproximar
de mim

Meu rio
dorme
tranqüilo
Maria
Antônia
Canavezi
Scarpa
(Tili@
Cheirosa)
Já não
estou
medrosa
a tarde
veio em
meu
refúgio
trazendo
sob sua
égide a
dança
cintilante
das
verdades
todas
elas
entrelaçadas
num
emaranhado
de mal
entendidos
trouxe
consigo
seus
lábios
de
amante
que me
beijou
terno...
amigo
Foram
supremos
os meus
esforços
para
diluir
minhas
mágoas
demover
meu dedo
em riste
acusando
você dos
erros
que não
cometeu
Ah! Doce
dia que
veio
caudaloso
descendo,
me
ensinando
orações
perdoando
as
dúvidas
Hoje,
corre em
mim numa
languidez
que
incentiva
e me
ensina a
esquivar
dos
fantasmas
que
bailaram
letárgicos
ao meu
redor
recheados
de
maldades
agora o
meu rio
dorme
tranqüilo
Nada
mais
importa
pois na
quietude
do seu
remanso
esqueço
dos
dissabores
que
alimentaram
sua
ausência
onde
fiquei
achando
que a
estrada
cinzenta
e fria
não
teria
volta
Confidencio
agora
somente
aos meus
devaneios
sugiro
que até
o
silêncio
não
tumultue
minha
tranqüilidade
nem
quero
lembrar
de
mendigar
horas a
mais nos
meus
dias
Não será
qualquer
barulho
que me
fará
acordar

Sombras
Maria
Antônia
Canavezi
Scarpa
(Tili@
Cheirosa)
Não
foram
somente
as
sombras
que
deixei
atrás de
mim
foram
sobras,
restos,
vestígios
não
ousei
olhar
para
cada
degrau
que
desci
apenas
parei
para
descansar
já que a
nova
jornada
seria
árdua
longa e
tempestuosa
Não me
cobri de
mistérios
nem me
isolei
apenas
decidi
que
seria
assim
os
motivos
de uma
nova
investida
na vida
nos
sentidos
de me
permitir
e reagir
quando
imaginei
que o
fundo do
poço
atingiu
os seus
limites
Não fiz
dos meus
erros
uma
penitência
usei dos
meus
direitos
de
recomeçar
Todos os
novos
dias
poderiam
ter sol
todas as
noites
poderiam
ter lua
e
estrelas
se a
natureza
assim o
permitisse
e não
precisei
chorar...
mas sim
resistir
Não
foram
somente
as
sombras
que
deixei
atrás de
mim
abandonei
a
essência
do meu
ego
reformulei
minhas
pretensões
enterrei
orgulhos
e
sonhos,
tudo que
me eram
vãos
olhei
para
frente,
para o
horizonte
sem
temer a
brisa,
vento ou
o
tempo...
avancei!
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